“Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra”. (II Timóteo 3, 16-17 – Tradução João Ferreira Almeida)[1]
INTRODUÇÃO
2 Timóteo 3, 16-17 é usado tanto por estudiosos protestantes quanto leigos para apoiar a noção de Sola Scriptura. Quando perguntados onde a Escritura ensina que ela é a autoridade única ou final, os protestantes – comumente começam citando a primeira parte de 2 Timóteo 3, 16: “Toda a Escritura é inspirada por Deus …”. Ao concentrar-se na palavra inspiração, implicam que a Bíblia é a única ou final autoridade do cristão. Sua premissa subjacente é que a Escritura é a única verdade que é divinamente inspirada, portanto, pode e deve ser a nossa única autoridade divina.
Alguns teólogos podem ter um argumento ainda mais detalhado. Eles apelam para as palavras “perfeitamente instruído”[2] em 2 Timóteo 3, 17, alegando que uma vez que a palavra de Deus instrue completamente o cristão, por isso, a Escritura é suficiente, por si só, sendo a regra final para a vida cristã e não depende de tradição ou autoridade eclesial.
Para responder a esses argumentos, algumas observações preliminares serão úteis. Em primeiro lugar, quando examinamos de perto os poucos versos que os protestantes recolhem que alegam apoiar o conceito de sola escritura, nós descobrimos que tais textos meramente exaltam a qualidade única da Escritura, mas passam longe de ser prova dogmática para sola scriptura, 2 Timóteo 3, 16-l7 não é exceção. Podemos entender por que isso é assim. Visto que as Escrituras não contém nenhuma declaração explícita que ensina que a Escritura é a autoridade única ou final, os protestantes não têm escolha a não ser apelar para textos que nunca foram destinados a apoiar tal noção. Vamos mostrar ao examinar tanto o contexto de 2 Timóteo 2 a 3 e as palavras especificas que Paulo usa em 2 Timóteo 3, 16-17, que tirar uma doutrina de sola scriptura desta passagem é, na melhor das hipóteses improvável, e na pior das hipóteses, uma grosseira distorção tanto da Escritura quanto da hermenêutica bíblica em geral.
UMA ANÁLISE DA TERMINOLOGIA DE PAULO EM II TIMÓTEO 3, 16-17
Ao apelar para 2 Timóteo 3, 16-17 para apoiar a sola scriptura, teólogos protestantes chamam a atenção para o uso de Paulo do substantico grego artios (“completo”) e o participio exartismenos (“totalmente equipado”) no versículo 17[3]. Uma vez que alguns léxicos incluem “suficiente” como um dos significados das duas palavras, muitos concluem que 2 Timóteo 3,17 ensina que a Escritura é suficiente, por si só, para ficar como única ou final da regra de fé cristã, não havendo necessidade de nenhuma outra fonte de divina revelação para completá-la, nem uma autoridade infalível para interpretá-la. Para começar nossa crítica, vamos primeiro fazer um estudo gramatical sobre as palavras usadas em 2 Timóteo 3, 16-17.
OS DERIVADOS LEXICAIS DE ARTIOS E EXARTISMENOS
Léxicos gregos são um pouco variados em sua definição tanto de artios quantos de exartismenos. Obras lexicais padrão de autoria de tais nomes de prestígio como Walter Bauer, Liddell e Scott, Ardt e Gingrich, e Louw e Nida contém uma gama de significados de “ajuste” e “capaz” a “completo” ou “perfeito”[4] as definições de “completo”, ‘capaz” ou “pronto” mostram a prontidão para realizar uma determinada tarefa, mas não garantem o resultado. As definições de “completo” e “perfeito” falam mais para o resultado esperado. Basta dizer que, juntamente com o uso muito frequente destas palavras, tanto no clássico quanto no grego koiné, as variações no significado sugerem que a compreensão e a aplicação das palavras irá depender pesadamente sobre o contexto em que elas são colocados. Nós vamos investigar essa dimensão do nosso estudo momentaneamente.
Observando o jogo de palavras de Paulo ainda nos ajuda a entender o uso de artios e exartismenos em II Timóteo 3, 17. O adjetivo artios e o particípio passivo perfeito exartismenos derivam da mesmo verbo artidzo. O prefixo ex (Do grego ἐξ) coloca em força perfectiva em exartismenos, o que denota o significado de “por completo”, ou em uma forma um pouco repetitiva Paulo descreve “plenamente”: o tipo de homem que ele imagina (um homem completo ou capaz) e, em seguida, explica o resultado dessa capacidade (ele agora está totalmente equipado para toda boa obra).
O Novo Testamento usa artios só aqui em 2 Timóteo 3, 17. enquanto usa exartidzo (a partir do qual exartismenos é derivado) duas vezes, a outra ocorrência que aparece em Atos 21, 5 na forma infinitiva, normalmente traduzida como “realizado” ou “terminado” (“Mas quando esses dias terminaram, partiramos e seguimos o nosso caminho…”). Na Septuaginta exartidzo aparece apenas em Êxodo 28, 7, onde é traduzido como “preso”, e artios aparece apenas uma vez, como um advérbio de tempo em II Samuel 15, 34, traduzido como “até agora”. Artios e seus derivados vêm de ex raiz, que significa “adequação, utilidade, de aptidão.”[5] O cognato katartidzo, o seu derivado mais antigo em grego clássico, significa “colocar em ordem, restaurar, fornecer, preparar, equipar”. Esses vários significados têm uma comum origem no conceito básico “tornar adequado, completar.”. A Septuaginta usa katartidzo 19 vezes, para nada menos do que nove diferentes palavras hebraicas, por exemplo, no sentido de “completo” (Esdras 4, 12), “configurar, estabelecer” (Salmo 74, 16), “manter-se firmes” (Salmo 17, 5), “equipado por Deus”(Salmo 40, 6), “restaurar” (Salmo 68, 9). Katartidzo também é usada no Novo Testamento como “reparação” (Mateus 4:21), “preparar” (Hebreus 10, 5), “estabelecer”, “formar” (Hebreus ll, 3), “equipar” (1 Pedro 5, 10). A partir desses vários significados e contextos, entendemos que Paulo ensina que a Escritura prepara o homem de Deus para fagir corretamente – sua função é fazer “Toda boa obra”.[6]
ARTIOS E EXARTISMENOS COMO USADAS NO CONTEXTO
Um dos pontos mais importantes a cerca de 2 Timóteo 3, l 6- 17 para o atual debate sobre a sola escriptura é que nem o adjetivo artios nem o particípio exartismenos está descrevendo a “Escritura”; ao contrário, eles estão ambos descrevendo o “homem de Deus”. Mesmo que fosse forte, a definição atribuída a artios ou exartismenos no suporte para uma doutrina de sola escritura é limitada pelo fato de que Paulo não diz a Escritura é “perfeita” ou “completa” para realizar a tarefa em questão. Na sua interpretação de II Timóteo 3, 16 e 17, alguns teólogos protestantes fazem um malabarismo exegético injustificado, atribuindo o conceito de suficiência das Escrituras, embora Paulo nunca disse isso. No entanto, outros que percebem tal malabarismo é injustificado, no entanto, argumentam que se os adversários insistem que apenas o “homem de Deus” está perfeitamente equipado, isso não implica que a Escritura é a capacitadora perfeita? Vamos concentrar-nos sobre esta questão específica.
Em primeiro lugar, como observado anteriormente, não se pode provar que o significado único ou até mesmo primário de artios ou artidzo é “perfeito” ou “suficiente”. Há muitas outras palavras que Paulo poderia ter usado para designar o conceito de perfeição ou suficiência absoluta que ele obviamente, não utilizou no contexto de II Timóteo 3. Além disso, os significados específicos destas palavras são condicionados, ou são relativas ao contexto no qual estão contidos. Vamos falar sobre esses dois pontos em breve. Em segundo lugar, enquanto que no verso 17, Paulo usa os adjetivos artios e o particípio exartismenos para descrever o “homem de Deus”, ele usa uma palavra muito mais fraca, Ophelimus (proveitosa) no versículo 16 para descrever a Escritura. Ophelimus significa “útil, beneficial, vantajoso”.[7] Não é uma palavra que conota suficiência solitária e certamente nada perto da suficiência absoluta ou formal que os protestantes atribuiem à Escritura para apoiar a doutrina da Sola Scriptura. Na verdade, há uma insuficiência implícita ou limitação em Ophelimus. Se a Escritura é meramente “proveitosa” a fim de tornar o “homem de Deus” perfeito ou completo, isso implica que há outras coisas que o levaram a um estado perfeito ou quase completo, enquanto ou antes da Escritura está sendo administrada a ele. A Escritura pode ser considerada um ingrediente crucial ou final que o homem de Deus precisa, a fim de completar a sua formação ou fazê-lo perfeito, mas não é o único ingrediente. Outras fontes o estimularam ao longo do caminho e agora que ele está prestes a enfrentar uma tarefa mais difícil (como está implícito em palavras finais de Paulo a Timóteo em II Timóteo 4, 1-5), ele deve aprender a aplicar as Escrituras com mais fervor à sua tarefa de fazer toda boa obra. Usando todos os ingredientes, incluindo a Escritura, ele vai ser um homem perfeito, capaz de realizar qualquer tarefa espiritual colocada diante dele.
Ophelimus certamente não é o tipo de palavra que você escolheria, se ele desejasse ensinar que a Escritura é o único meio para executar a tarefa em questão. Se Paulo tivesse usado um jogo de palavras nesta ordem: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e suficiente para fazer um homem de Deus suficientemente equipado”, assim, talvez um caso poderia ser iniciado para ultimar a suficiência das Escrituras. Em vez disso, o uso deliberado de Paulo da palavra fracionada “útil” indica que ele pode ter tido mais do que as Escrituras em mente para realizar.a tarefa de fazer Timóteo um homem completo equipado para fazer toda boa obra de Deus. E é preciso acrescentar que, desde II Timóteo 3, 16-17 é um dos únicos lugares que Paulo especificamente descreve a natureza, propósito e efeito das Escrituras em suas epístolas, neste contexto, foi a oportunidade perfeita para fazer o uso exclusivo da Escritura, nem no momento nem no futuro, muito claro a Timóteo, se de fato esse conceito estava em seus pensamentos.
Para mostrar a intenção da descrição de Paulo da Escritura como proveitosa, uma analogia simples das Escrituras vai ajudar a ilustrar o ponto. Em Efésios 6, 10, Paulo instrui os cristãos a “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que você possa se levantar contra os esquemas do diabo” está incluído na armadura completa “o cinto da verdade”, a “couraça da justiça”, os “pés munidos de prontidão”, o “escudo da fé”, o “capacete da salvação” e a “espada do Espírito, que é a palavra de Deus” (Efésios 6, 11-18). Notamos aqui que Paulo inclui muitos aspectos da caminhada cristã para tornar alguém preparado para lutar conta o mal (o mesmo mal que Paulo instrui Timóteo a lutar em II Timóteo 2-4), por exemplo, a verdade, a justiça, a prontidão, a fé, a salvação e a palavra de Deus. Observamos também que Paulo considera a “palavra de Deus” somente um dos muitos componentes da “armadura” de Deus. A “armadura” de Efésios 6, 11 é análoga ao que está sendo “totalmente equipados” em II Timóteo 3, 17. Finalmente, Paulo acrescenta a oração para a lista de itens para afastar o diabo como ele diz, “Ore também por mim, que sempre que eu abra minha boca, as palavras possa, ser me dadas para que, destemidamente, torne conhecido o mistério do evangelho” (Ef. 6, 19).
Vemos a partir desta analogia que Paulo pretende que a sua mensagem revele todas as coisas necessárias para ensinar e defender o evangelho e levar uma vida cristã boa e saudável, não para dar uma lição em usar apenas a Escritura. Mesmo que fôssemos permitir a definição de “suficiência” para o bem do argumento, não se pode presumir que um homem suficientemente equipado foi feito dessa forma só pela Escritura. Certamente a Escritura desempenha um grande papel em seu equipamento, mas Paulo não inferiu como a única fonte para ajudar neste processo, nem uma fonte que irá fazê-lo automaticamente.
O CONTEXTO GERAL DE II TIMÓTEO 3, 16-17
Em II Timóteo 3, 16, Paulo afirma que a Escritura é proveitosa para “ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir na justiça”. Isso vai sem dizer que a razão Escritura pode ser tão benéfica em produzir tais resultados virtuosos e ferramentas para o ensino é que ela contém a verdade inspirada de Deus. Num contexto em que Paulo nos dá, no entanto, percebe-se que ele não está de todo interessado na criação de uma diferença entre Escritura e tradição oral, ou Escrituras e da autoridade da igreja, ou abordar se a Escritura é a única autoridade. Insistimos que desde que Paulo não desenvolve nenhuma dessas competições entre autoridades concorrentes no contexto, usar II Timóteo 3, 16-17 como um texto de prova da Sola Scriptura é simplesmente implorar a questão. Paulo está interessado em demonstrar apenas que a Escritura inspirada é um meio proveitoso de dotar o homem de Deus para as boas obras; ele não está tentando apresentar um tratado sobre epistemologia e revelação.
A Escritura certamente fornece os dados brutos que ajudam a fazer um homem de Deus “completo” ou “totalmente equipado” para fazer toda boa obra. Mesmo assim, como a história da interpretação bíblica protestante tem mostrado, “homens de Deus” em cada denominação tem sua própria visão de como a Escritura pode ser interpretada para ensinar, reprovar, corrigir e treinar para a justiça, para que, ao ser exposto a interpretações multitudinárias da Escritura, alguém nunca se pode ter certeza de que ele entendeu corretamente o ensino das Escrituras em tudo. Assim, pelo menos, o resultado do estudo de Escritura dificilmente pode ser considerado “suficiente” como regra de vida cristã. Para evitar essa confusão, Deus trabalha de muitas outras maneiras que serão rentáveis em fazer um “homem apto, preparado para toda boa obra”. Como veremos em breve, Paulo menciona esses instrumentos no decorrer de II Timóteo 2-3, por exemplo, uma vida cristã virtuosa, professores experiente e de confiança para explicar as verdades cristãs sobre fé e moral, tradição oral, orientação infalível do Espírito Santo, modelos de santos, oração e meditação.
Em 2 Timóteo 2, 21, vemos que existem outros meios além da Escritura Inspirada para realizar o objetivo de fazer um “homem de Deus completo e totalmente equipado.” Paulo diz:
“…De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra.”
Aqui, Paulo especifica um dos principais ingredientes necessários para fazer um “homem de Deus útil”, ou seja, a limpeza e distância das más influências e do mau comportamento. O que é mais interessante nesta passagem (e, portanto, útil para a compreensão do significado em II Timóteo 3, 16 e 17), é a frase “toda a boa obra” em II Timóteo 2, 21. É a frase grega utilizada é idêntica a de II Timóteo 3, 17.[8] Assim, percebe-se que o resultado final em II Timóteo 2, 21 é o mesmo que em II Timóteo 3, 17, ou seja, para fazer um homem “completo” ou “útil” de modo que ele esteja “preparado[9] para fazer toda boa obra”. Ambos os versos estão focando o mesmo objetivo, mesmo tendo diferentes fontes das quais partem. Se tivéssemos que usar o conceito de “suficiência” que os protestantes forçam em II Timóteo 3, 17, poderíamos afirmar, à luz da linguagem similar em II Timóteo 2, 21, que se abster de más influências e mal comportamento é tudo o que é necessário para fazer um homem útil para toda boa obra. No entanto, sabendo o objetivo de Paulo a partir do concurso geral e seu uso liberal de linguagem, estamos confiantes de que ele não quer dizer que só evitar más influências vão fazer um homem “útil para toda boa obra”. A semente da conduta é um meio rentável, mas não o único meio. Um homem cristão depende de muitas coisas, tanto de dentro quanto de fora de si mesmo, para fazer dele um vaso de honra adequado ao seu Mestre.[10]
Paulo usa a frase, “toda boa obra” outros seis vezes em suas epístolas.[11] Tal como no conteúdo de II Timóteo 2-3, estes versos lançam muita luz sobre como devemos entender o significado de Paulo em II Timóteo 3, 16-17. Por exemplo, em II Coríntios 9, 8, Paulo diz: “Deus é capaz de fazer toda a graça abundar em vós, a fim de que tendo sempre suficiência em tudo, abundeis em toda boa obra.” Aqui o mesmo objetivo de preparar o indivíduo para a “toda boa obra” é evidente. Embora a passagem não se refira a Escritura, contém a linguagem que os defensores Sola Scriptura estariam muito felizes em ver associada a Escritura (Isto é “tendo suficiência[12] em tudo”). É a “graça” de Deus, não a Escritura, porém, que faz a pessoa toda suficiente em tudo.[13] Mas a graça de Deus é múltipla, que vem através de seu Espírito em uma matriz de dimensões, como por exemplo, amor, fé, conhecimento, incentivo, a energia, zelo, sabedoria, etc., que equipa um homem para toda boa obra. A Escritura é apenas uma dessas graças, e, como é óbvio a partir de nossa própria leitura de II Coríntios 9, 8 acima, a Bíblia nos informa que Deus nos faz suficiente através de suas graças, mas a própria Escritura não é a fonte suficiente para toda boa obra.
Em II Tessalonicenses 2, 16-17, Paulo se conecta de forma semelhante a graça de Deus com a capacidade de fazer “toda boa obra”. Ele escreve: “Deus, nosso Pai, que nos amou e nos deu uma eterna consolação e boa esperança pela graça; que ele conforte os vossos corações e fortaleça-os em toda boa obra e palavra.”. Aqui, novamente, é a graça de Deus que conforta e fortalece o indivíduo para toda boa obra. Este conforto e força não vem apenas de leitura das Escrituras, mas pelo trabalho interior da graça de Deus na alma do indivíduo. É a paz de Deus, evocada por sua resposta à nossa oração, que guarda os corações e pensamentos daqueles que o buscam, ou o terror de Deus que aflige com a loucura e confusão mental.[14]
Como Paulo trabalha em sua carta a Timóteo, percebe-se que sua principal preocupação é que Timóteo não enfraqueça em sua fé através da influência de homens corruptos que se fazem passar como espirituais. Estes homens têm “Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela.” (II Timóteo 3, 5). Paulo também adverte Timóteo, citando exemplos de seu próprio ministério, que ele será perseguido por defender a verdade. Paulo diz: “Tu, porém, tens seguido a minha doutrina, modo de viver, intenção, fé, longanimidade, amor, paciência, perseguições, sofrimentos” (2 Timóteo 3, 10-11). Por isso, uma das principais fontes de que Timóteo pode utilizar, a fim de ajudá-lo a menter-se fiel a Deus é por recordar o ensino de Paulo, e também modelando-se ao mesmo modo de vida de Paulo. Paulo continua e diz: “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido…” (II Timóteo 3, l4). Ele sugere a Timóteo a “continuar no que ele aprendeu”, que mais uma vez se refere ao ensinamento de Paulo e sua modelo de vida no meio da perseguição. Assim, o ensino e a experiência de Paulo são duas outras fontes sobre as quais Timóteo pode usar para se tornar um “completo homem de Deus” ou “um vaso útil para seu Mestre.”.
Paulo também se refere ao que Timóteo tornou-se “convencido”, o que mostra que Timóteo pensava e meditava sobre os ensinamentos, raciocinando-os em sua mente, de modo que eles iriam ajudar nos seus esforços para ser o completo de Deus que ele deseja ser. Assim, temos outra fonte para a busca de Timóteo para ser um homem ou “completo” “útil”, isto é, suas próprias habilidades de raciocínio.
Paulo assegura Timóteo desses ensinamentos, dizendo: “porque você sabe de quem você aprendeu isso…”. Com o uso do plural “aqueles” Paulo está se referindo não só para si, mas para outros professores que Timóteo teve. Na verdade, Paulo faz a eficácia e veracidade da instrução que Timóteo recebeu dependente do fato de que Timóteo “conhece” (isto é, pessoalmente confia) seus professores.
Finalmente, Paulo continua em outra fonte de verdade que Timóteo teve à sua disposição: “…e como desde a infância sabes as sagradas letras, que são capazes de tornar-te sábio para a salvação…”. Além de purificar-se de más influências, sua imitação de Paulo, seus outros professores e sua própria capacidade de raciocínio, Timóteo tem as Escrituras que ele pode estudar. Mesmo que a conjuntiva “e” (em grego: kai) fosse indicando que o ensino oral que Timóteo recebeu incluiu a Escritura, (que ele provavelmente fez), ainda, o estudo correto da Escritura inclui explicação verbal e elaboração de professores confiáveis. Timóteo, estando na infância[15], quando foi introduzido pela primeira vez as Escrituras, certamente não poderia compreender suas verdades profundas por si mesmo, especialmente desde o Antigo Testamento, somente sobre o qual este versículo poderia aplicar-se[16], continha apenas as referências obscuras ou veladas da “fé em Jesus Cristo” que Paulo atribui a Escrituras do Antigo Testamento em II Timóteo 3, 15. Apenas uma pessoa muito astuta e esclarecida poderia explicar os mistérios da “fé em Jesus Cristo” do Antigo Testamento apenas, provando assim que os professores experientes são muito importantes na formação de um homem de Deus completo (cf. Col 1, 26-27; Lc 24, 27; Atos 8, 30-35; 1 Pedro 1, 10-12). Timóteo era dependente de seus professores (sua avó Lóide e sua mãe Eunice em sua infância (2 Timóteo 1, 5); Paulo e outros líderes em sua vida adulta), que poderia manejar bem a palavra da verdade, para fazer dele um homem apto para toda boa obra. Na verdade, o uso e interpretação de Timóteo da Escritura é dependente dos princípios hermenêuticos que ele aprendeu com Paulo e outros seus outros professores.
Outro aspecto da relação entre Escritura e os outros elementos que fazem Timóteo um “completo” homem de Deus é redação de Paulo em II Timóteo 3, 15: “sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação”. A palavra “saber” denota um presente apreensão intelectual da Escritura, e, como tal, é, em si, não é sabedoria salvadora, mas apenas um meio para a sabedoria salvadora. Timóteo deve transformar o seu conhecimento intelectual da salvação em um abraço espiritual da salvação. O processo de alcance da salvação está implícito na utilização de Paulo dos presentes verbos “conhecer” e “ser capaz”[17]. Como observado anteriormente, Timóteo deve combinar sua fé e obediência ao que ele sabe das Escrituras, a fim de garantir a sua salvação. Não surpreendentemente, Paulo diz a Timóteo em I Timóteo 4, 15-16 “Medita estas coisas; ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos. Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.”; em I Timóteo 6, 11-12: “Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão. Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado, tendo já feito boa confissão diante de muitas testemunhas.”; e em II Timóteo 2,12, “se perseveramos, também reinaremos com ele. Se o negarmos, ele irá nos negar.” Vemos que a salvação de Timóteo não é uma certeza absoluta. Escritura é de confiança (ou seja, a revelação inspirada ) e, portanto, é “rentável” para o que conduz à salvação, mas ela própria não produz ou garante a salvação.
Um conceito paralelo é encontrado em Romanos 15, 4, onde Paulo diz: “Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança.” Similar ao contexto de 2 Timóteo 2-3 em que Paulo busca realizar o objetivo de fazer Timóteo um apto homem de Deus para toda boa obra, no qual Paulo tem um objetivo similar em mente para os romanos. Seu desejo é gerar fraternidade e unidade na Igreja. Uma forma de alcançar esse objetivo é dando “incentivo” para os irmãos. Isto também é visto no versículo 5 quando Paulo diz: “Ora, o Deus de paciência e consolação vos conceda o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Cristo Jesus..” A Escritura é, certamente, uma fonte de encorajamento em que os romanos podiam contar, mas com certeza não poderia se concluir neste contexto que a Escritura é a única fonte de encorajamento. As pessoas podem ser encorajadas, em muitos aspectos, uma das melhores maneiras é amor fraternal como Paulo diz: “Nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos…” Paulo não está tentando mostrar o superioridade da Escritura, em vez disso, ele está apontando as várias fontes a que se pode utilizar para ajudar a alcançar a perfeição em sua vida cristã.
A prescrição de Paulo em Romanos 15, 4-5 também inclui “paciência”. Isto não é “paciência da Escritura”, como alguns podem ler, mas a paciência que Paulo espera ser proveniente da vida virtuosa dos cristãos romanos. Eles podem esperar por, 1) sofrimento através de suas provas, e 2) através da leitura das Escrituras para o incentivo. Há duas fontes para a esperança de que Paulo pretende gerar neles – as suas próprias virtudes cristãs e as Escrituras. Isto é seguido por uma terceira fonte, o próprio Deus, como diz Paulo no versículo 5: “Que o Deus que dá paciência e encorajamento dê-lhes um espírito de unidade…” a obra de Deus também é vista no versículo 13, como diz Paulo, “que o Deus da esperança vos encha de todo o gozo e paz, por sua confiança nele, para que vocês possam abundar em esperança no poder do Espírito Santo.” Semelhante à “graça” vimos Paulo consider como suficiente II Cor. 9, 3 e II Tessalonicenses. 2, 16-17, estes são os poderes espirituais que Deus instila no cristão, independente de qualquer outra fonte. Pode-se apenas orar por esperança e alegria e Deus iria até essa pessoa com o Espírito Santo para que eles pudessem sentir essas emoções e estar mais perto de Deus e seus irmãos. A Escritura, com certeza, aponta o homem na direção da esperança em Deus, mas não é a única fonte formalmente suficiente para realizar essa tarefa. Como observado anteriormente na exegese de II Timóteo 2-3, Paulo exorta as virtudes e oração da própria pessoa, a ajuda e os ensinamentos de outros, Deus e as Escrituras, a fim de fazer um homem de Deus completo para toda a boa obra, ou, na terminologia de Romanos 15, um cristão cheio de esperança, alegria e paz. Paulo não está dando um tratado sobre a sola scriptura em Romanos 15, 4. Ele está meramente mostrando algumas das fontes que se tem à sua disposição para a esperança de que ele deseja gerar dentro de si mesmo.
OUVINDO A PALAVRA DE DEUS
Embora as Escrituras estivessem certamente à disposição de Timóteo, o tema constante de Paulo nestas epístolas é que a palavra de Deus vem ao homem ao ouvi-la, não necessariamente ao lê-la impressa. Aparentemente, as Escrituras que Timóteo possuía eram úteis para lhe dar luzes sobre a natureza da “fé em Jesus Cristo”, bem como para “ensinar, para repreender, para corrigir, para a educação na justiça”, mas Paulo, nunca ensinou que o Antigo Testamento era suficiente, apenas “proveitoso”, não disse para Timóteo prestar mais e mais atenção para o Antigo Testamento e menos para outras fontes benéficas. As Escrituras, apesar de úteis no fornecimento da verdade rudimentar sobre “a fé em Cristo”, simplesmente não eram o suficiente para o que Timóteo precisava saber sobre os mistérios do evangelho do Novo Testamento e sobre como administrar a Igreja do Novo Testamento. Timóteo era um judeu convertido que, conhecendo as Escrituras muito bem, deve estar se perguntando, agora que ele era um cristão do Novo Testamento, assim como o Antigo Testamento se encaixava com esta nova fé. Uma vez que Paulo muitas vezes falou sobre a rejeição da lei para a graça, Timóteo pode ter querido saber até que ponto as Escrituras do Antigo Testamento eram relevantes. Paulo resolve esta questão, dizendo-lhe que essas Escrituras poderiam até mesmo trazer um homem para a “fé em Cristo”, e que elas são muito proveitosas no esforço de Timóteo para converter outros judeus como ele ao cristianismo. Que melhor maneira de converter um judeu do que mostrar a ele a partir de suas próprias Escrituras Hebraicas como se poderia ter “fé em Cristo”, mesmo nos tempos do Antigo Testamento. O próprio Paulo fez isso muitas vezes (cf. Rm 1,7;. 3, 10-17; 4, 1-26; 9, 25-30; 10, 5-21; l Cor 10, 1-l2;. Lucas 24 , 27; Heb 11, 25, et al)..
Mas tão útil quanto as Escrituras são, Paulo insiste a Timóteo em II Timóteo 1, 13 “Conserva o modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido, na fé e no amor que há em Cristo Jesus”. É o que Timóteo ouviu de Paulo que é chamado de “bom depósito”, mostrando que a mera audição da palavra da boca de Paulo deixou uma marca indelével na consciência de Timóteo e serviu de base para a sua compreensão do evangelho e sua missão de ser um homem de Deus completo. Da mesma forma, em II Timóteo 2, 2, Paulo diz: “E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros.” Mais uma vez, mesmo que as Escrituras estivessem à sua disposição, Timóteo iria confiar tanto ou mais no que ele “ouviu” do Paulo.[18]
Em II Timóteo 2, 15, Paulo diz a Timóteo: “procura apresentar-te a Deus aprovado, como operário que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”. Isto é muito semelhante à linguagem da II Timóteo 3, 16-17, em que o homem de Deus está se esforçando para ser um o homem de Deus “completo” (ie, “aprovado”). Protestantes muitas vezes ignoram este confronto, afirmando que “a palavra da verdade”, em II Timóteo 2, 15 é idêntico ao da “Escritura inspirada” de II Timóteo 3, 16, concluindo que é a palavra de Deus escrita que faz o operário de Deus “aprovado”. Mas temos de acrescentar que a “palavra da verdade” em II Timóteo 2, 15 não está necessariamente relacionada à palavra escrita, mas é mais provável refere-se à palavra falada, ou refere-se a ambos sem um tendo precedência sobre o outro. Como observado acima, Paulo não mencionou as Escrituras nenhuma vez em seu discurso de abertura a Timóteo, e só faz isso na passagem em questão, II Timóteo 3, 14-17, em vez disso, ele tem consistentemente se referido ao que ele havia ensinado Timóteo oralmente.[19]
Em outras epístolas, Paulo usa a “palavra da verdade” frase para se referir mais do que simplesmente as Escrituras. Por exemplo, em Efésios 1, 13, Paulo diz: “Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa.” Aqui é evidente que a “palavra da verdade” não está necessariamente associada com a revelação escrita, mas com o evangelho que os Efésios tinha ouvido falar[20] (cf. Romanos 10, 17). Esta mensagem oral foi, em si mesma, poderosa o suficiente para efetuar a sua crença e selá-la com o Espírito Santo. O mesmo acontece na carta de Paulo aos Colossenses. Em Colossenses 1, 5, Paulo diz: “… da qual já antes ouvistes pela palavra da verdade do evangelho.”. A “palavra da verdade” é o que os Colossenses, tinham “ouvido”, não necessariamente lido. Podemos também acrescentar que, em II Timóteo 2, 15. Timóteo é primeiramente solicitado a “manejar corretamente a palavra da verdade” e imediatamente depois, evitar o discurso profano e vazio.[21] O contraste é entre a linguagem correta e fala errada, não entre a boa palavra escrita e da má palavra falada. Em outras palavras, quando ele dialoga com homens Timóteo deve ter o cuidado de saber que coisas são importantes para ser ditas e que coisas só levam a dissensão e agitação (cf., II Timóteo 2, 23-26; I Timóteo 6, 4-5 ). Ele deve falar a palavra da verdade corretamente. Esta análise mostra que a ordenança de Paulo em II Timóteo 4, 2 para “pregar a palavra”[22] não se refere apenas à Escritura, mas inclui ensinamentos orais inspirados de Paulo e o entendimento que Timóteo tem deles. Para promover uma doutrina da sola scriptura Paulo poderia simplesmente ter dito “pregue as Escrituras” ou “pregue somente as Escrituras”, mas ele teve o cuidado de não fazer isso.
AS ESCRITURAS SÃO A ÚNICA FONTE INFALÍVEL DA VERDADE DIVINA?
Os protestantes irão argumentar que a Escritura é a única fonte “infalível”, entre outras fontes e, portanto, fica sozinha como fonte suficiente de verdade divina. Nós já lidamos com esse argumento; vamos agora apresentar contra-argumentos específicos. Em primeiro lugar, nós mostramos que o contexto de 2 Timóteo 1-3 referido várias vezes para o ensino oral de Paulo. Será que Paulo considera o seu ensinamento oral apenas suas próprias idéias? Não; de acordo com l Tessalonicenses 2, 13, ele os considerava as próprias palavras de Deus:
“Por isso também damos, sem cessar, graças a Deus, pois, havendo recebido de nós a palavra da pregação de Deus, a recebestes, não como palavra de homens, mas (segundo é, na verdade), como palavra de Deus, a qual também opera em vós, os que crestes.”
Aqui vemos que o ensinamento oral de Paulo foi inspirado por Deus, assim como foram as suas palavras escritas.[23] Se estas palavras foram inspiradas por Deus, eles eram infalíveis. Se a pregação oral, inspirada era infalível, Timóteo tinha outra fonte infalível de onde tirar para ajudar a torná-lo um homem de Deus apto e preparado para toda boa obra. Portanto, pelo princípio da infalibilidade, Paulo pode não estar ensinando o conceito de sola scriptura em 2 Timóteo 3, 16-17.
Em segundo lugar, devemos salientar que o uso da palavra inspiração em II Timóteo 3, 16 não implica ou prova que a Escritura é a nossa única fonte de revelação inspirada. Certamente Deus inspirou homens para escrever a Escritura, mas ele também os inspirou para falar suas palavras, algumas das quais foram escritas (Romanos 16, 22), e algumas não (Mateus 2, 23; 10, 19; I Tessalonicenses 2, 13 ; I Coríntios 15, 2; Ef 1, 13). Paulo ordena que a palavra de Deus dada oralmente era para ser obedecida e preservada tanto quanto a escrita (2 Tessalonicenses 2, 15). Embora muito do que por via oral foi inspirado provavelmente se completava em conteúdo com o que foi inspirado e escrito, evidentemente, alguns detalhes da verdade contida nos ensinamentos oralmente inspirados Paulo optou por não colocar em revelação escrita, caso contrário não haveria poucas razões para Paulo manda que ambas as formas, oral e escrita, fossem obedecidas e preservadas. Se naquela época a palavra escrita continha toda a revelação completa e necessária de Deus para ser preservada, teria sido superfulo para os primeiros cristãos preservarem qualquer revelação oral. Mas desde que Paulo os ordena os primeiros cristãos preservarem e obedecerem a revelação oral, a Igreja Católica sempre ensinou que a revelação oral, serve como uma fonte adicional de revelação ao lado da palavra escrita. Portanto, a Bíblia não é a nossa única autoridade.
Em terceiro lugar, usar tentativas de II Timóteo 3, 16-17 para provar o conceito de sola scriptura, leva a um anacronismo insustentável. Se os protestantes acreditam II Timóteo 3, 16-17 ensina sola scriptura, então eles devem acreditar que Timóteo deveria entender II Timóteo 3: 16-17 como o ensino sola scriptura. Obviamente, a Escritura não pode ser interpretada de uma maneira para nós e de outra maneira para Timóteo. Mas se Timóteo via sola scriptura nesta passagem, nem ouvindo ou buscando qualquer outra interpretação, então o que era Timóteo faria com o ensino por via oral inspiradao de Paulo dado na mesma época da escrita de II Timóteo e o qual Paulo mandou “manter” e “guardar”?[24] Não fará nada bem aos protestantes argumentar que a revelação oral, eventualmente, limitou-se a Escritura, pois mesmo que se isso fosse verdade, eles ainda esquecem do fato que, nos dias de Timóteo a revelação oral foi uma preocupação permanente. Se Timóteo tivesse a mesma interpretação que protestantes tem em II Timóteo 3, 16-17, isto impõe a Timóteo a obrigação de fazer um grande esforço mental para parar de referi-se ao ensino oral inspirado de Paulo e deixar de transmiti-lo e confiar a homens fiéis, como ele já tinha sido ordenado. Mas Paulo nunca disse qualquer coisa do tipo. Paulo ordenou que seus ensinamentos orais eram para ser preservados e propagados por toda a Igreja. Ele não deu nenhuma indicação de que um dia o ensino por via oral inspirado devesse ser ignorado, rebaixado, ou olhado com desconfiança após Paulo morrer ou quando a bíblia fosse concluída, ou quando a Bíblia fosse canonizada. É razoável concluir que, se em seu leito de morte Paulo, queria deixar Timóteo com a doutrina da Sola Scriptura – uma doutrina que teria feito uma diferença tão monumental na forma como Timóteo chegava à verdade – e ele teria dito isso explicita e claramente. Tal como está, ele não o fez.
CONCLUSÃO
Como a análise acima deve deixar claro, não se pode exagerar o princípio de que, em relação ao ensino escrito, o ensinamento oral foi tão grande, ou até maior, a base sobre o qual Timóteo aprendeu o evangelho e os meios para se tornar um homem de Deus completo, totalmente equipado para toda boa obra. Uma vez que entendemos que o ensino oral inspirado de Paulo era tão infalível como seu ensino escrito inspirado, então também podemos entender que Paulo, em 2 Timóteo 3, 14-17, não estava dizendo que a Escritura era a única a autoridade de Timóteo ou última fonte de revelação. Uma vez que Paulo menciona a “audição” do evangelho três vezes dentro do contexto imediato de 2 Timóteo 1-3, é difícil evitar este veículo como a principal fonte de ensinamento de Paulo e da aprendizagem de Timóteo para fazer dele um homem de Deus completo. Como dissemos anteriormente, no entanto, Paulo em II Timóteo 1-3 não está tentando formular um argumento postular da Escritura contra outra fonte de ensino ou revelação, ou mesmo abordando os pontos fortes e limitações da revelação em geral; ele está interessado apenas em reunir todos os ingredientes necessários para fazer um “homem de Deus completo” ou “vaso útil para o seu Mestre”. Em outros lugares da Escritura, quando Paulo quer se opor uma fonte autorizada contra a outra, ele faz suas intenções claras (por exemplo, I Coríntios 1, 18-2,16; Gálatas 1, 6-9, 3, 2; Colossenses 2, 8-23 ), mas ele não está fazendo isso em II Timóteo 2-3. Uma vez que o objetivo de ser completo e útil é o seu único propósito, Paulo se esforça para mencionar todas as fontes em que um homem pode dispor para realizar essa tarefa nobre. A preocupação de Paulo em 2 Timóteo 2-3 não é dar um tratado sobre a superioridade ou exclusividade das Escrituras, mas sim incentivar Timóteo de tocar em todos os recursos disponíveis à sua disposição, especialmente as Escrituras, a fim de alcançar seu objetivo. A este respeito, a Escritura é “proveitosa” para fazê-lo totalmente equipado, mas não é sua única ferramenta. Na verdade, mesmo tendo as palavras de Paulo em II Timóteo 3, 17, em seu significado mais superlativo, Timóteo pode se tornar o homem perfeito de Deus e não apenas porque ele tem as Escrituras à sua disposição, mas porque quando ele acrescenta Escrituras a todas as outras fontes de ajuda, é tudo isso junto que faz dele o homem de Deus completo e perfeito, ele deseja ser. As tentativas de usar essa passagem para provar a noção de sola scriptura injetam algo no texto que Paulo nunca sequer considerou. Paulo não se refere às Escrituras como a “última instância de recurso”, mas como uma “fonte proveitosa para equipar o homem de Deus”.
[1] Comentando 2 Timóteo 3, 16-17, o Vaticano II declarou na Dei Verbum ll: “… devemos reconhecer que os livros da Escritura, com firmeza, fidelidade e sem erro, ensinam a verdade que Deus, para o bem da nossa salvação, quis consignar nas Sagradas Escrituras. “(Ci, St. Augustine, Gen. ad Litt., 2, 9. Z10: PL 34, 270-271; Epist. 82, 3: PL 33, 27 ?; CSEL 34, 2, p. 354. – St. Thomas. De Ver. Q. ’12, a. 113, C. – Concílio de Trento, Sessão IV, canonicis dc Scripturis: Dena. 783 (1501) – Leo XIII, Encycl. Providentissimus: EB 121, llsi, 126-127. – Pio XII, Encycl. Divino Afflante: EB 539.
[2] 2 Timóteo 3,17 diz: ” ἵναἄρτιοςᾖὁτοῦθεοῦἄνθρωπος, πρὸςπᾶνἔργονἀγαθὸνἐξηρτισμένος. Uma leitura mais literal seria “a fim de que o homem de Deus seja apto, tendo sido totalmente equipado para toda boa obra.” A palavra “perfeito” ou “completo” representa o substantivo grego o ἄρτιος enquanto “totalmente equipado” para o particípio passivo perfeito oposicional , ἐξηρτισμένος. Essas palavras aparecem em um cláusula de propósito grega, introduzida pela palavra ἵνα, denotando que o propósito da Escritura inspirada por Deus é fazer um “complemente” e “Equipar totalmente” para toda boa obra.
[3] Uma das tentativas mais detalhadas na exegese de II Timóteo 3, 16-17 aparecem em católicos romanos e evangélicos: Concordâncias e as diferenças por N. Geisler e R. Mackenzie (Grand Rapids: Baker Books, 1995), pp 1,84-135; A controvérsia Católica Romana por James R. White (Bethany House 1996), pp 63-67, e Sola Scriptura: A posição protestante sobre a Bíblia (Soli Deo Gloria Publications, 1995) ed. Don Kistler, em “O que queremos dizer com Sola Escritura” por W. Robert Godfrey, pp. 1-26
[4] Liddell e Scott definem artios como: (1) “completo, perfeito de seu tipo, exatamente no lugar” (2) “ativo, rápido, pronto.” É definem ἐξηρτισμένος como “para completar, terminar, para ser completamente mobilado.” (versão abreviada, Oxford, Clarendon Press, 1977), pp 105, 233. Walter Bauer define artios (como sortimento, capaz, proficiente = capaz de atender todas as demandas.” Ele define ἐξηρτισμένος como: (1) “acabado, completo ” e (2)” equipar, mobiliar. “. Edição “Q21”, revisto por Gingrich e Danker, University of Chicago Press, Chicago e Londres, 1957, 1979), pp. 110, 273.
[5] Dicionário do Novo Testamento editor, Colin Brown, Vol. Ill, 4”‘ printing, Zondervan, 1979), p. 349.
[6] Comentando sobre esses significados variados, o Dicionário de teologia do Novo Testamento afirma: “artios aqui não implica perfeição, como se pensava, sem dúvida, por causa da leitura variante teleios, perfeito, no Codex D. Pelo contrário, refere-se ao estado de ser equipada para uma tarefa delegada. Assim também, em Ef. 4,12 katartismos refere-se à preparação da igreja para se tornar perfeita, mas não para si esta perfeição, como pode ser visto a partir do uso de teleios (completo, maduro; — Goal), helikia (estatura; – Age-, estatura) e pleroma (plenitude) em v. 13 (cf. também l Cor. 1,10). Os termos artios e katartismos, assim, ter não é tanto um significado qualitativo como um funcional”. (Ibid., P. 350).
[7] Grego: ὠφέλιμος. Léxico de Bauer define-o como: “útil, beneficial, vantajoso, o que é particularmente útil” (op cit, p 900…). A forma ὠφέλιμος adjetiva (aparece em dois outros lugares no Novo Testamento, por exemplo, “para o treinamento físico é de pouco valor” (I Tim. 4, 3) e “estas coisas sãoúteis e excelente para todos” (Tito 3, . 3) a forma verbal ὠφέλέὠ (aparece 16 vezes, o que denota o conceito de “rentabilidade” ou “valor”, por exemplo, Rom 2, 25; 1 Cor. 13: 3: Gal. 5:. 2; Heb 4: 2. A forma substantiva ὠφέλέia aparece duas vezes, uma vez traduzida como “vantagem” em Judas 16. Se Paulo queria ensinar a suficiência das Escrituras, ele poderia ter usado uma palavra como autapikeia, que é lexicalmente definida como “o estado de algo que se sustenta sem a ajuda de outras pessoas, o contentamento, a auto-suficiência.” (Bauer, op. cit., 122 p.).
[8] A frase grega é πᾶν ἔργον ἀγαθὸν é usada, sem variação, tanto em 2 Timóteo 2, 21 quanto me 2 Timóteo 3, 17.
[9] “Preparado” é o particípio passivo perfeito grego ἑτοιμάσωμενov de ἑτοιμάζω, aparecendo mais de 40 vezes no Novo Testamento e entendido como “pronto” ou “preparado”. Ele tem o mesmo campo semântico como a raiz artidzo (artizw) em II Timóteo 3, 17. Pode se referir a uma preparação comum ou uma preparação divina superlativo (cf ., Mat 20, 23; 22, 4;. I Cor 2, 9). Nesta edição, discordo com protestante James R. White, que alega que não há relação entre os dois. Ele alega: “O termo ‘preparado’ não é artios ou exartio (como em II Timóteo 3, 16). É um termo que difere marcadamente no seu domínio e significado semântico: ἑτοιμάζω (hetoimazo), que fala especificamente de fazer a preparação, de tornar-se preparado e pronto”. (A controvérsia Católica Romana, p 240.). Nós respondemos que, obviamente, hetoimazo refere-se a preparação. A questão, todavia, é o grau de preparação, seja perfeito ou imperfeito, e, assim, a palavra contém a mesma gama de aplicabilidade como artios, que pode referir-se no lado inferior para ser “completo”, mas no lado mais forte para ser “perfeito” . White também tenta destituir o uso de II Timóteo 2, 21, porque ele não está falando sobre a “origem da capacidade do homem de Deus para se engajar no trabalho”, mas “da santificação na vida da pessoa”. Ao forçar essa dicotomia para a discussão, White faz parecer como se “santificação” não pode ser considerada uma “fonte” da qual o homem de Deus pode usar afim de fazer “toda boa obra”. White convenientemente confina “fonte” para dimensões reveladoras e, assim, perde todo o ponto de argumento contextual de Paulo – um argumento concebido para não destacar ou fazer fontes reveladoras exclusivas, mas para dirigir Timóteo ao que vai ajudá-lo a tornar-se o homem de Deus que ele deseja ser e ensinar os outros a fazerem o mesmo.
[10] A epístola de Tiago também usa uma linguagem similar. Tiago diz em 1, 4: “Tenha, porém, a paciência a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, sem faltar em coisa alguma.” Não se pode concluir a partir desse versículo que a “paciência” é tudo o que é necessário para fazer uma pessoa madura e completa . “Paciência” é a virtude final ou fundamental que “completa” cada um dos “testes” (1, 2-3) que descerá sobre o cristão, mas paciência em si, não é o que faz uma pessoa madura e completa.
[11] πᾶν ἔργον ἀγαθὸν (2 Cor. 9, 8; Col. 1,10; 2 Tes 2,17; 1 Tm 5, 10; Tt 1, 16; 3, 1; cf., Heb 13, 21). A frase em si é ambígua quanto ao que se refere, especificamente, mas mastra-se do curso geral que inclui ambos doutrina e prática (cf., 2 Tim. 2, 22f; 4, 2-5; I Tm 4, 16.).
[12] Se “suficiência”, do grego αὐτάρκεια, usada apenas outra vez no Novo Testamento (I Timóteo 6, 6), é lexicalmente definida como “o estado de quem se apoia sem ajuda dos outros; contentamento, a auto-suficiência”(Bauer, op. cit., p. 122). Uma palavra similar é ἱκανός que às vezes pode ser traduzido como “suficiente” (2 Coríntios 2, 6-16; 3, 5.) Ou “qualificado” ou “capaz” (2 Timóteo 2, 2); e ἀρκέω que significa “suficiente” ou “contente” (cf., João 14, 8; II Cor 12, 9; 1 Timóteo 6, 3), mas nenhuma delas é usada para descrever as Escrituras.
[13] O grego da passagem exibe um trocadilho com a palavra πᾶν , usando-a quatro vezes no verso, mostrando a capacidade superlativa da graça de Deus.
[14] Cf. Felipenses 4, 6s; Deuteronômio 28, 28.
[15] Da palavra grega brevfos, normalmente entendida como (1) nascituro, embrião, ou (2) o bebê, infantil (Walter Bauer, A Greek-English Lexicon of the New Testament and Other Early Christian Literature (Universidade de Chicago, 1979, 2ª edição) p. 147). Usado em Lucas 1, 41, 44 para uma criança no útero, ou Lucas 2, 12,1 6 como um recém-nascido. Ao contrário de tevkuou, uma palavra geral grega para crianças, brevfos, descreveria uma criança muito jovem, muito provavelmente não ainda capaz de ler e compreender por conta própria.
[16] Alguns apologistas católicos eg, John Henry Cardinal Newman, usaram o argumento de que a referência as “Escrituras” em Timóteo 3, 14-16 refere-se apenas ao Antigo Testamento. Com base no contexto de II Timóteo 3, estamos de acordo com essa conclusão. Uma vez que as Escrituras do Novo Testamento não existiam quando Timóteo era um bebê, que seria inútil para os protestantes argumentarem contra este ponto. No entanto, como Paulo está escrevendo o próprio versículo (2 Timóteo 3, 16), naquele instante, torna-se a Escritura, no sentido mais amplo da palavra e, portanto, cai sob a rubrica que Paulo está usando. Assim, pode-se projetar a referência a “toda a Escritura é inspirada” para se referir à criação do Novo Testamento Escrituras também. Além disso, Paulo parece distinguir entre “Sagradas Escrituras” no versículo 15 e “toda a Escritura” no versículo 16, este último, usado no singular, parecendo ser uma referência mais geral para tanto no Antigo e Novo Testamento. Em apoio a esta tese, pode-se argumentar que Paulo já havia citado em Lucas l0, 7 em sua primeira carta a Timóteo (1 Timóteo 5, 18), mostrando que pelo menos algum cânon do Novo Testamento já existia e foi reconhecido como Escritura.
[17] A frase “você sabe” vem do grego oidas que é a forma perfeita (lit. “Você viu”) do presente eidw (“ver”), assim, “você já viu” é entendida no presente como “você sabe”. O verbo “é capaz” traduz o particípio presente tenso do grego dunamai (“ter poder”). O particípio presente da frase poderia muito bem ser traduzida, “as santas escrituras são para que você possa ser sábio para a salvação.” A presente frase mostra que a assimilação do conhecimento da salvação oferecida nas Escrituras é um processo contínuo, com a sua extremidade esperançosa na salvação do indivíduo.
[18] O protestante James White tenta descartar a ênfase em “ouvir” o ensinamento de Paulo, afirmando que “O depósito de ensino que tem sido dado a Timóteo não é diferente do que nós temos em Atos, Romanos ou Gálatas (A controvérsia Católica Romana , p. 98). Esse tipo de análise é muito enganadora. White não esclarece o que “não é diferente” significa, e, portanto, faz com que pareça que o ensino oral não pode ele distinguido de qualquer forma de ensinamento escrito. Certamente, no que diz respeito ao conhecimento geral do evangelho (ie, “a fé em Jesus Cristo” de II Timóteo 3,15), o ensino oral não é “diferente” do ensino escrito. Mas no que diz respeito ao conhecimento específico sobre o evangelho, o ensino oral pode muito bem ser diferente, já que ele pode conter informações adicionais que a revelação escrita toca superficialmente. Por exemplo, em l Coríntios 11, 34 Paulo está ensinando como observar a Ceia do Senhor, mas termina seu discurso dizendo: “E quando darei mais instruções quando for”. Nós supomos que porque Paulo acabaria por falar com eles face a face que as instruções adicionais seriam administradas por via oral e tiveram tanta autoridade quanto a sua instrução escrita anterior no restante de I Coríntios 11. Certamente não se poderia concluir que este ensinamento oral era qualquer “difereça” no que diz respeito à natureza do evangelho em geral, mas certamente foi diferente em relação a detalhes adicionais da celebração eucarística.
[19] Paulo menciona Escritura na primeira epístola a Timóteo, mas apenas de uma forma menor (l Timóteo 4, 13; 5, 18). Eles não estão demonstrando a superioridade da Escritura sobre o ensino oral inspirado ou autoridade da igreja. Ao contrário, como é geralmente o caso, Paulo está apelando à Escritura como testemunha, a fim de apoiar o que ele ensinou Timóteo oralmente.
[20] É interessante notar que, em Atos 20, 20, 27, 31, Paulo diz aos Efésios: “Você sabe que eu não hesitei em pregar qualquer coisa que pudesse ser útil a você, mas ensinei publicamente de casa em casa. Eu declarei tanto para judeus como gregos que eles devem voltar-se para Deus em arrependimento e ter fé em nosso Senhor Jesus… pois eu não hesitei em proclamar a você toda a vontade de Deus… Lembre-se que há três anos eu nunca parei de advertir a cada um de vocês de noite e dia, com lágrimas.” Aqui Paulo prega oralmente a “fé em Cristo” (a mesma “fé em Cristo”, da qual ele falou em II Timóteo 3, 15), que ele chama de “toda a vontade [ou conselho] de Deus” e que foi divulgada durante um período de três anos. Nós assumimos que Paul deu-lhes uma abundância de informações sobre a “fé em Cristo” ao longo deste período de três anos no entanto, Paulo diz em Efésios 3, 3 que tinha apenas “brevemente escrito” do mistério da revelação dado a ele. Devemos assumir que Paulo deu a Efésios muito mais pelo ensino oral do que o que estava contido na epístola aos Efésios.
[21] O grego começa com o versículo 16 tas de que deveria ser traduzidoa cono “mas”, e não “e”. A palavra “mas” mostra que o que se segue é um contraste, não uma declaração adicional.
[22] “Palavra” vem do grego logon, um termo geral que se refere a qualquer tipo de revelação.
[23] Claro que nem todo ensinamento oral de Paulo foi inspirado. Nem tudo o que Paulo escreveu foi inspirado também. Podemos também considerar que Paulo ditou algumas de suas cartas canônicas (Romanos 16, 22), que faria a letra real de um produto de uma revelação oral inspirada – um processo conhecido como amanuensis. Assim. algumas das mensagens oralmente inspiradas de Paulo foram escritas enquanto outras (por exemplo: aquelas em 1 Tessalonicenses 2, 13) não foram.
[24] O protestante James White admite: “Os protestantes não afirmam que sola scriptura é um conceito válido durante os tempos de revelação. Como poderia ser, uma vez que a regra de fé para a qual aponta estava no exato momento estava nascendo?”(A Review and Rebuttal of Steve Ray’s Article Why The Bereans Rejected Sole Scripture,“ 1997, no site do Ministério Alpha and Omeg). Por esta admissão, White involuntariamente prova que a Bíblia não ensina Sola Scriptura, pois se ela não pode ser um “conceito válido durante os tempos de revelação”, como pode Escritura ensinar tal doutrina uma vez que a Escritura foi escrita precisamente quando revelação verbal divina ainda estava sendo produzida? A escritura não pode contradizer-se. Uma vez que tanto no século I cristão ou no século XXI não pode existir diferentes interpretações do mesmo versículo, assim, tudo o que era verdade sobre a Escritura, então, também deve ser verdade hoje. Se os primeiros cristãos não podiam extrair a sola scriptura das Escrituras porque a revelação oral, ainda era existente, então, obviamente, esses versos não poderiam, em princípio, estar ensinando sola scriptura, e, portanto, não podemos interpretá-los como ensinando também.
PARA CITAR
SUGENIS, Robert. 2 Timóteo 3, 16-17 ensina a Sola Scriptura? Not By the Scripture Alone. Disponível em:<http://www.apologistascatolicos.com.br/index.php/apologetica/protestantismo/754-2-timoteo-3-16-17-ensina-a-sola-scriptura>. Desde: 03/01/2015. Traduzido por: Rafael Rodrigues.